Saúde na UTI
UBS do Campus Capão do Leão não dispõe de equipe médica
Estudantes organizam manifestação para reivindicar soluções ao local
Gabriel Huth -
Uma faixa na entrada da posto de saúde do Campus Capão do Leão, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), avisa: “Estamos sem médico”. O último profissional a sair foi o ginecologista, que deixou o cargo nesta segunda-feira (10). O profissional entrou de férias e em junho outras duas médicas se aposentaram. Restaram apenas as equipes administrativas e de enfermagem - que não pode prescrever medicação sem supervisão. Estudantes organizam manifestação em defesa do posto, responsável por atender o campus, moradores do entorno e funcionários da Embrapa Clima Temperado.
A demanda por atendimento é maior entre moradores próximos ao campus, principalmente dos bairros Sítio São Marcos e Jardim América, além dos 4.538 alunos que circulam diariamente nos prédios. Mas desde junho quem procura o posto só pode consultar com um ginecologista. Pouco a pouco os médicos da UBS se aposentaram e a universidade ficou impossibilitada de repor o quadro, por decisão do Ministério da Educação (MEC), que afirma que a instituição deve repor vagas em outros setores.
Além de ter entrado em férias, o ginecologista deve se aposentar. Sem supervisão para prescrever medicamentos, as duas técnicas em enfermagem têm uma única tarefa: explicar a situação para quem procura a unidade. “A gente conversa com quem vem aqui e encaminha para a Unidade de Pronto Atendimento do Capão [Capão do Leão]e os casos mais graves para o Pronto-Socorro de Pelotas. Se não, só fazemos curativos”, diz uma das servidoras, a enfermeira Ilda Martins.
A estrutura é completa, mas falta o principal. Antes com uma equipe de clínico geral, ginecologista, pediatra, enfermeiras e recepcionistas que realizavam até 36 atendimentos por dia, o posto hoje só guarda consultórios vazios. Um deles, o de odontologia, nunca utilizado. “As ferramentas estão todas embaladas, fechadinhas. Mas o dentista nunca veio”, diz.
Para evitar o fechamento, o Grupo de Agroecologia (GAE) da UFPel realizará um protesto no campus nesta terça-feira, marcada para as 11h30. O grupo pretende expor o problema e aumentar a adesão ao abaixo-assinado que já circula entre os estudantes. Entre eles, a aluna de Tecnologia em Alimentos Camila Rockembach, 21. Ela reclama da falta de médicos. “Uma colega estava com febre e foi até o posto, mas nem medir a febre eles podiam. Quando a gente precisa não tem”. Caroline Folha, 23, estudante de Farmácia, completa: “No semestre passado já rolava um abaixo-assinado para impedir o fechamento. Mas não ter médico é a mesma coisa que não ter posto”.
Respostas
O reitor da UFPel, Pedro Curi Hallal, reconhece a importância da unidade, que possui uma das melhores estruturas entre os postos de saúde da região. No último mês ele esteve em reunião com o Departamento de Medicina Social, ligado à Faculdade de Medicina da UFPel, em busca de uma solução. O departamento já administra quatro UBSs em Pelotas e, em um mês, deve assumir também o do Campus Capão do Leão. “Será uma qualificação ao local, com médicos e estudantes de Medicina prestando um serviço que é importante para todos”, promete. Durante este período, o prefeito Mauro Nolasco (PT) deve encaminhar um médico do município em caráter emergencial para atender a população. Reitor e prefeito devem comparecer ao protesto desta terça, quando planejam falar da situação com moradores, alunos e servidores da UFPel.
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